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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Como estimular a multiplicação de colônias de abelhas nativas (Meliponas)?



A caatinga, ao contrario do que muitos pensam, é riquíssima em biodiversidade. Varias espécies de plantas, animais, insetos e outros seres vivos, só são encontrados neste bioma. Além destes, existem as espécies que são comuns em outros biomas do Brasil. Porém, apesar de ser riquíssima em vidas, a caatinga é considerada frágil. 

Um grupo de seres vivos de grande importância na caatinga é o das abelhas sem ferrão. Este grupo contêm dezenas de espécies que produzem mel e outros alimentos para a humanidade além de polinizar culturas agrícolas e matas nativas. 

Em regiões preservadas de caatinga, várias plantas florescem no período de seca, possibilitando às abelhas a manutenção de suas colônias bem estabilizadas. Temos como exemplo destas espécies que florescem no segundo semestre do ano, o juazeiro (Ziziphus joazeiro), cajueiro (Anacardium occidentale) e oiticica (Licania rigida). 

No longo período de estiagem anual na caatinga, estas espécies florescem e fornecem para as abelhas néctar e pólen gradativamente, dia a dia. Entretanto, este problema se agrava quando o bioma sofre ação do homem através de desmatamento e queimadas. Tais práticas associadas ao período de escassez de chuvas elimina drasticamente a oferta de alimento no campo vindo de flores. 

Uma das práticas comuns realizadas por meliponicultores para remediar este problema é a de alimentação artificial.
Existem dois tipos fornecimento de alimentação artificial para estas espécies de abelhas. Uma delas é a de subsistência ou de manutenção e outra é a estimulante, para induzir a rainha a ovopositar. 

A diferença entre as duas é quase imperceptível, mas existe. Estas várias diferenças estão escondidas nos detalhes do modo de fazer e de servir o alimento. 

Na maioria dos livros se fala muito em fórmulas, ingredientes, e não explicam o principal, que é, justamente a forma de administrar a alimentação artificial. 

Estimulando a Rainha a pôr:
 Para estimular à rainha a ovopositar na entressafra de forma semelhante ao que ocorre no período de muitas floradas é preciso seguir alguns passos. Apenas servir o xarope não é o suficiente, pois o que faz com que a rainha ponha não é o alimento armazenado, mas sim o que está entrando na colméia. 

Não basta a colméia estar lotada de alimento para a rainha pôr os ovos. Se assim fosse, ela não diminuiria a postura no menor sinal de falta de néctar na natureza. Que é o ocorre no final da florada, que é quando as melgueiras estão cheias.



A idéia é tentar imitar o que ocorre com as plantas na natureza! Fornecem microlitros de néctar diariamente. Assim, tenta-se mitigar os efeitos que a

devastação da caatinga está promovendo na vida destas inofensíveis espécies de abelhas sem ferrão.

A alimentação estimulante propicia ao meliponicultor manter as suas colônias com grande população e até multiplicar seus enxames o ano todo. Se as técnicas forem empregadas corretamente, não haverá falta de zangão, por exemplo, nem muito menos de abelhas adultas ou crias. 

Manejo de indução á postura:
O que induz a rainha é um conjunto de indicativos que apontam existir alimento em abundancia no campo. 

Como:
Movimentação de abelhas no interior da colméia: parte delas carregando o alimento, outras depositando nos potes, outras construindo potes, outras carregando mais resina (para o cerume), outras ventilando para expulsar o excesso de umidade, etc. Enfim, essa agitação mostra que existe uma enorme quantidade de alimento sendo armazenada. Essa “bagunça” dentro da colméia estimula a rainha a pôr cada vez mais. 

Regularidade: no período de floradas, existe néctar entrando diariamente na colméia, sem interrupção. Assim sendo, não basta servir o xarope com pouquíssima ou altíssima concentração de açúcar. Além disso, tem que haver “regularidade” no fornecimento. 

Passo a passo:
Pegue uma porção de água potável ou mineral e adicione o “mínimo” de açúcar ou mel, que as abelhas se interessem em coletar. Recomenda-se 1/3 a ¼ de açúcar ou mel para cada porção de água. 

Misture bem e sirva em dias alternados. Se possível dia sim, dia não. No máximo a cada três dias. 

Sirva pequenas quantidades diárias, em dias alternados, de xarope. Isso facilitará a forma de servir e evitará que as colméias fiquem lotadas de “mel falso”. Deve-se evitar os excessos, pois esse tipo de alimento fermenta fácil.

Texto modificado de: Isaac S. Medeiros.

Um comentário:

  1. Excelente dica ... não tinha percebido esta faceta da alimentação !!!

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